Alterações neuropsicológicas em dependentes de cocaína/crack internados: dados preliminares
Dados desta pesquisa (“Neuropsychological impairment of cocaine dependent patients”
e “Cocaine dependence impaired performance in a new neuropsychological battery sensitive to prefrontal functions –FAB”) foram apresentados no Sixty-Sixth Annual Scientific
Meeting do College on Problems of Drug Dependence (CPDD) e NIDA International Fórum,
realizados de 11 a 17 de Junho de 2004, em San Juan, Puerto Rico (USA).
Autores:
Paulo J Cunha
Sergio Nicastri
Luciana P Gomes
Renata M Moinoa
e Marco A Pelusoa
Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas (GREA), Departamento e Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP)
Programa de Álcool e Drogas (PAD) do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE)
Foram avaliadas as seguintes áreas do funcionamento cognitivo:
e “Cocaine dependence impaired performance in a new neuropsychological battery sensitive to prefrontal functions –FAB”) foram apresentados no Sixty-Sixth Annual Scientific
Meeting do College on Problems of Drug Dependence (CPDD) e NIDA International Fórum,
realizados de 11 a 17 de Junho de 2004, em San Juan, Puerto Rico (USA).
Autores:
Paulo J Cunha
Sergio Nicastri
Luciana P Gomes
Renata M Moinoa
e Marco A Pelusoa
Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas (GREA), Departamento e Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP)
Programa de Álcool e Drogas (PAD) do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE)
Resumo
Objetivo: Embora o uso de cocaína seja um problema significativo de saúde pública, há uma relativa escassez de dados científicos sobre as conseqüências neuro-cognitivas decorrentes da exposição à substância.
Métodos: Esse estudo avaliou a associação entre dependência de cocaína e crack e desempenho cognitivo. Uma ampla bateria de testes neuropsicológicos foi aplicada a 15 dependentes de cocaína, em abstinência por duas semanas, em tratamento em regime de internação, e em 15 sujeitos controles, não usuários de drogas, pareados por idade, sexo, escolaridade, nível sócio-econômico, lateralidade e QI.
Resultados: Os resultados preliminares mostraram significação estatística (p<0,05) em testes de atenção, fluência verbal, memória visual, memória verbal, capacidade de aprendizagem e funções executivas.
Conclusão: Esses dados mostram evidências de que o abuso de cocaína está associado a déficits cognitivos, semelhantes aos que ocorrem em transtornos cognitivos, possivelmente relacionados a problemas em regiões cerebrais pré-frontais e temporais. O conhecimento dos danos neuropsicológicos específicos pode ser útil no planejamento de programas de prevenção e tratamento mais efetivo para abuso de cocaína/crack.
atenção (Trail Making Test – TMT, Stroop Color Word Test –SCWT, Dígitos Diretos – DD e Dígitos Indiretos – DI, WMS-R), memória (Memória Lógica – ML I e II – WMS-R, Reprodução Visual – RV I e II – WMS-R e Recuperação da Rey-Osterrieth Complex Figure – ROCF), aprendizagem (Buschke Selective Reminding Test – BSRT), funções executivas (Wisconsin Card Sorting Test – WCST e Frontal Assessment Battery – FAB 9), funções viso-espaciais (Cópia da ROCF e Cubos – WAIS-R), linguagem (Vocabulário – WAIS-R, Controlled Oral Word Association Test – COWAT e Boston Naming Test – BNT) e funções intelectuais (WAIS-R).
Quanto à análise estatística, as comparações entre as variáveis foram feitas por meio de testes t de Student para amostras independentes (variáveis contínuas) ou pelo teste exato de Fisher (variáveis categóricas). O nível de significância estatística foi a = 0,05 e todos os testes foram bicaudais.
Resultados
Não houve diferenças estatisticamente significantes entre pacientes e controles em termos de idade, gênero, escolaridade e nível sócio-econômico. Os pacientes dependentes de cocaína/crack, em média, começaram a usar a droga aos 18,41 anos, e o tempo médio de uso da droga foi de 10,30 anos, sendo que os pacientes consumiam a substância, em média, por cinco dias a cada semana. Embora todos os indivíduos incluídos neste estudo já tivessem usado álcool, a maioria dos pacientes (66,6%) bebeu pouco ou nem ingeriu bebidas alcoólicas durante o mês precedente à internação.
Quanto aos resultados dos testes neuropsicológicos, em capacidade de atenção, por exemplo, o desempenho dos dependentes de cocaína/crack esteve significativamente rebaixado nas provas DD e DI (WMS-R). Com relação às funções executivas, os pacientes obtiveram pior performance na FAB e, em linguagem, produziram menos palavras iniciadas pelas letras F, A e S, no COWAT.
Nas funções mnemônicas, houve diferença na capacidade de recuperação visual, sendo que os pacientes apresentaram dificuldade maior na recordação de figuras após 30 minutos, tanto no teste RV II (WMS-R) como na memória da ROCF. Em memória e aprendizagem verbal, os dependentes de cocaína/crack obtiveram escores também inferiores aos controles, com significância estatística (p<0.05) nos itens Recuperação total, Long-Term Retrieval (LTR), Long-Term Storage (LTS), Consistent Long-Term Retrieval (CLTR), Randomic Long-Term Retrieval (RLTR), Reminder e Recuperação após 15 minutos no BSRT.
O Quociente Intelectual (QI) estimado dos dependentes de cocaína/crack não se mostrou estatisticamente diferente do encontrado no grupo de voluntários normais (p>0.05).
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